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Quais as exigências da sociedade contemporânea? Rumo a uma sociedade mais inteligente!

Bueno, este post foi criado para compartilhar a fala que fiz ontem na formatura de turma do curso de Ciência da Computação e de Análise e Desenvolvimento de Sistemas... Neste ano resolvi refletir um pouco sobre o que esta sociedade que está se consolidando e suas exigências...


Resolvi compartilhar com vcs..... [Podcast]
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Prezados colegas que constituem a mesa
Prezados pais, amigos e familiares


Caros formandos do curso de Ciência da Computação que me escolheram como paraninfo e formandos do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas com os quais também tive o privilégio de compartilhar 2 créditos...


Para mim é uma honra ser escolhido para ser paraninfo desta turma do Curso de Ciência da Computação! Durante o tempo de curso de vocês tivemos poucas mas intensas oportunidades de conviver.... E como padrinho da turma não posso deixar passar a oportunidade de dizer algumas coisas, mesmo tendo a certeza de que os hiperlinks de nossa existência nos conectarão novamente em outro momento e em outras circunstâncias, pois esta é a lógica implacável da vida e devemos considera-la.


Não são conselhos, são percepções construídas nestes 38 anos de vida, dos quais 20 na UPF, 22 se contar o tempo a partir do meu ingresso no curso de Ciência da Computação, e um tempo ainda insuficiente de estudo e aprofundamento.


Como sempre, ao preparar um discurso, temos dois objetivos: sermos breves, qualidade que ainda tenho de aprimorar - por isto desta cola - e não sermos óbvios, buscando fugir de alguns conselhos “top of mind” que são subjacentes a esta solenidade e quase dispensáveis. Por isto, quando a obviedade se fizer presente nas minhas palavras, tenham certeza de que são pontos de partida para algo que julgo menos corriqueiro.


Pois bem.... Sobre o que quero falar? Sobre a honra que tive em compartilhar com vocês momentos de aprendizagem? Claro que me sinto honrado, mas ainda mais importantes foram os momentos em que não existia a falsa e ultrapassada verticalidade entre professor e alunos, e assumíamos a postura recíproca de parceiros de discussão, compartilhando experiências... expectativas... vida!


Eu também poderia falar do orgulho que seus familiares e amigos estão certamente sentido pela formatura de vocês. Mas prefiro reconhecer e registrar que, muito mais do que cumprir certas exigências curriculares de seu curso de graduação, o que os trouxe até aqui foi o esforço de cada pessoa que se faz presente hoje para a concretização deste momento e, principalmente, o suor e muitas vezes, o sangue de cada um de vocês. Mas não interpretem minha hematológica expressão de forma violenta ou sensacionalista, mas sim como uma referência ao importante processo sanguíneo de abastecimento de cada célula de nosso corpo para cumprir sua função... É o que deve ter acontecido nestes anos e, em especial, durante o último ano....


Mas, e me desculpem a sinceridade, não me interessa falar sobre o passado, pq este já foi e podemos, no máximo, aprender com ele. Quero falar do porvir, daquilo sobre o qual ainda temos algum tipo de controle... Para tanto, quero resgatar nosso bom e não tão velho Pierre Levy para fazê-lo, em especial a partir do seu conceito de “virtual”, geralmente contraposto ao que julgamos real, ao que está posto, ao mundo como ele é.... E pra ser mais sincero ainda, não me interessa o real, afinal estamos imersos nele e todos sabemos como funciona, a revelia de concordarmos ou não... Por isto, vou falar de virtualidade...


Para tanto, preciso fazer uma breve recaptulação - um último encontro acadêmico antes de nos reencontrarmos para outros... O conceito de virtual não se opõe ao real, não se trata de dimensões contrárias. O virtual é característica daquilo que pode sim acontecer, que existe em potência mas não em ato, que está latente em cada um de nós.


A frase do professor Felipe Serpa, físico e ex-reitor da Universidade Federal da Bahia, expressa bem esta ideia de virtual quando sentenciava: “Somos iguais em potência, mas diferentes em acontecimentos”. Pois bem, vou falar brevemente sobre esta potência para que possamos, pois sempre existe tempo para isto, determinar nossos acontecimentos, posturas e ações.


Pois bem, vocês lembram que por muitas vezes em nossos encontros discutimos nossa sociedade, suas características, demandas, exigências e tendências, processo fundamental a qualquer profissional comprometido em fazer diferença no mundo - lembrem-se “quero todos ricos e famosos”, parafaseando o meu “paraninfo pessoal” e amigo Edemilson Brandão. Portanto, vocês sabem que o estudo desta sociedade e de seus rumos é uma das áreas pelas quais me interesso. Pois bem, dentre os materiais de estudo com os quais me municio, está uma interessantíssima conferência ministrada por Sir Ken Robinson, em um TED, conferências que acontecem ao redor do mundo reunindo intelectuais da área de Tecnologias, Entretenimento e Desing. Esta conferência em específico tinha o seguinte título: “A escola mata a criatividade”.


Na oportunidade ele argumentava de forma consistente e original acerca das novas exigências fundamentais ao indivíduo no mundo em que vivemos. De forma indireta, ele faz referência à lei da oferta e da procura, que todos conhecemos: Quando um produto, serviço ou profissional existe em abundância, a tendência é que ele tenha menos valor. Isto equivale a dizer que um produto, serviço ou profissional diferenciado, tende a ser valorizado.


Pois bem, aí entra a questão do não querer falar do real que ainda tem espaço para a massificação, a igualização, a não diferenciação, a manipulação, a conveniência, a sorte e o oportunismo, e, por isto, fadado naturalmente a não dar conta das demandas profissionias em um futuro próximo. Quero me debruçar sobre o virtual, aquilo que se apresentará como um nova realidade em pouco tempo. Aquilo que será, e não tenham dúvida, elemento de diferenciação entre os profissionais, empresas, universidades, governos, etc, etc...


Este mundo virtual, que está por vir - e é para frente que se deve olhar - lhes previlegiará pelo seu trabalho, pelas conquistas e os valorizará pela suas histórias - constituídas pelos seus feitos que são reflexo do que vocês são. Um mundo portanto, feito especialmente de ações e não de retórica; em que o mérito depende somente de mérito, e nada mais. Em um mundo de muito oferta de produtos, serviçoes e profissionais com a mesma formação - não esqueçam que o acesso ao curso superior, o que é extremamente positivo, está crescendo de forma exponencial e isto não tem volta -, algo deve representar o diferencial de cada um de vocês. Minha aposta é, sobre tudo, na competência, no comprometimento e na criatividade.


Competência nascida da idealização e execução de projetos desafiadores, construída na vivência e na prática; Comprometimento com a transformação da sociedade e da vida das pessoas com as quais temos contato, posicionando-se fortemente contra toda e qualquer situação de injustiça e de miséria, onde somente a lógica do ganha - ganha vale; e Cratividade, cujo motor é a superação do medo de errar e a coragem de pensar e agir diferente, elementos que nos impulsionam a fazer coisas inusitadas e inovadoras... Lembram-se do que lhes disse várias vezes? “Querem fazer diferença? Saiam da sala de aula”. É claro que não se trata de uma desqualificação da formação acadêmica necessária e importante que com certeza a UPF cumpriu de forma primorosa, mas o reconhecimento de que, em aula, todos são iguais, todos escutam a mesma teoria, todos realizam as mesmas tarefas... É fora dela, na pesquisa e na transferência do conhecimento gerado à comunidade que começamos a fazer diferente!


Neste mundo virtual, a competência, o comprometimento e a criatividade serão os únicos parâmetros possíveis para nossas escolhas e é o que nos diferenciará enquanto profissionais e cidadãos. Por isto, esqueçam o estabelecido e mirem no virtual. Construam seu próprio caminho baseado na competência, no comprometimento e na criatividade. Fujam da vergonhosa dependência de fatores sobre os quais não se tem controle e pelos quais somos fatal e tristemente escravizados.


É importante que possamos construir um mundo onde possamos valorizar as amizades e as relações acima de tudo, onde, ao tempo em que respeitamos as perspectivas diferentes, possamos criar e fortalecer vínculos com pessoas e grupos com os quais nos identificamos. Tudo o que está fora disto deverá ser abstraído.


Por fim, meus caros colegas e amigos, enquanto o virtual não se atualiza, mantenham a coluna ereta, o ânimo elevado, acreditem e defendam suas crenças, valorizem e lutem pela sua liberdade, ampliem suas competências e trabalhem com ainda mais paixão, afinco, comprometimento e criatividade! O resto será consequência e questão de tempo... ;-)
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