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Sobre Educomunicação....

Entrevista dada em 22/04/2012 a Marita Andrade da revista Presença Pedagógica, uma revista voltada para a formação do professor (www.presencapedagogica.com.br)
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- Em que consiste a Educomunicação?
Embora não seja uma área na qual tenho feito pesquisas teóricas mais consistentes, em linhas gerais, a Educaominicação que considerar a utilização de recursos tecnológicos que potencializem aquilo que é fundamental ao processo educacional - com ou sem a tecnologia: A comunicação!


É claro que é preciso destacar que as tecnologias contemporãneas, que podem ser nomeadas por tecnologias da inteligência, tem especial e natural vocação para o suporte a processos comunicacionais entre os indivíduos. Entretanto, a educomunicação não tem a tecnologia como fim, mas como meio, como espaço de conexão entre diferentes saberes humanos. 


- Como se tronar um educamunicador?
Sem dúvida todos os professores são, dentre de suas possibilidades e características, educomunicadores. Apesar do modelo educacional vigente não primar pela comunciação. Entretanto, sempre que possibilitamos a interlocução entre nosso estudantes estamos assumindo uma postura educomunicativa.


Na verdade na concepção mas pura da palavra educomunicação, o prefixo edu, fazendo clara referência à educação, é quase uma redundância pq o processo educacional é baseado processos comunicativos. 


É claro que a sala de aula em sua arquitetura atual, não favorece o estabelecimento de processos comunicacionais, nem tampouco as tecnologias a muito utilizadas como a lousa, o caderno, o lápis e a caneta. Veja que no se trata de questionar a validade destas tecnologias, mas reconhecer que suas características mecânicas e físicas restringem em muito a comunicação.


Vivenciamos um processo crescente de informatização e de conexão dos ambientes escolares, o que, é claro não basta, mas traz para o ambiente escolar tecnologias que são essencialmente voltadas à conexão de pessoas. Assim, ser um educomunicador, a grosso modo, é saber reconhecer o potencial destas tecnologias e criar desafios educativos que se valham destas características e do domínio exercido sobre elas por nossos estudantes.


- Qual é a receptividade dos educadores com relação a esse conceito de educomunicação e como eles se comportam no desenvolvimento de projetos dentro da escola?
É claro que não é prudente nem correto generalizar esta resposta, entretanto, de forma geral, o que se vê é um processo de anulamento do potencial comunicacional destas tecnologias. Não é raro encontrar nos ambientes escolares políticas de utilização dos recursos tecnológicos que coíbem a utilização de redes sociais, programas de ciomunicação síncrona e assíncrona, ou games.


É importante salientar, que não se trata de um processo de negação da utilização destas tecnologias, mas, provavelmente, de desconhecimento do potencial destas tecnologias em processos educativos, fruto de uma formação docente que não trata desta questão, nem tampouco, dá espaço para que tais recusos sejam trazidos para o ambiente de formação universitário nas licenciaturas pelos estudantes.




- Como você vê a educomunicação contribuindo com a melhoria da educação nos próximos anos?
A resposta embora pareça simplista e minimalista é simples: Criar alternativas de construção conjunta de saberes, de interlocução entre os indivíduos e de construção d processos de inteligência coletiva naturalmente levará a processos de aprendizagem mais ricos e significativos, qualificando a educação de forma significativa e, o melhor, não precisamos esperar pelos próximos anos, podemos começar já!




- Ao discutir mídia na sala de aula, muitos educadores entendem que sua principal missão é denunciar as mensagens nocivas dos meios de comunicação. Essa abordagem é eficaz?
Acho que esta também é uma função a ser exercida pelos educadores, não a única nem a mais importante, mas uma delas. Assim como deve ser feito sobre material impresso, veiculado por empresas de telecomunicação, e sobre o que nós mesmos, os professores, comunicamos. 


Quando se fala em midia em sala de aula, mais do que discutir é fundamental se apropriar de seus potencial agregador, de seu poder de apresentar alternativas de acesso à cultura que nem o jornal, nem a televisão, nem o cinema, nem a biblioteca e, é claro, nem o professor, poderia proporionar. 


Quero deixar claro que não se trata de desqualificar qualquer uma destas tecologias, nem tampouco, de insinuar que a figura do professor é substituível. Trata-se de reconhecer que estas tecnologias nos lbertam de forma definitivas de qualquer tipo dos constrangimentos impostos pelo tempo e pelo espaço, ou seja, podemos ter acesso a qualquer assunto em diversos formatos, podemos nos comunicar instantaneamente com pessoas que estão geograficamente distantes, podemos ter acesso a bens culturaius que, sem elas, não conheceríamos, e por aí vai.


Assim, ser professor nesta era da conexão, em especial assumindo uma postura de educomunicador, pode qualificar em muito o processo educacional.


- Como vencer o desafio da exclusão digital?
Sem dúvida não é uma tarefa fácil. Na verdade ainda temos que ter claro o que significa exclusão digital. Mas prefiro falar de inclusão, pois além de pressupor uma ideia de existência de incluídos, já dá um direcionamento positivo de reversão deste processo.


Pois bem se pensarmos inclusão digital enquanto fornecimento de acesso, temos um percentual de aproximadamente 45% da população com acesso à internet. Uma análise mais apressada poderia conter uma certa euforia, pois o Brasil é um país continental com 190.000.000 de habitantes e, 40% é muita gente. Entretanto, quando se econhece que tal percentual é obtido entre aqueles que acessaram a internet uma vez nos últimos 3 meses, vemos que situação é muito mais urgente.


Entretanto, se pensarmos em inclusão enquanto acesso qualificado, voltado à educomunicação e não ao treinamento ou à utilização verticalizada das tecnologias contemporâneas,a situação é ainda mais preocupante, pois o que se vê com frequencia é um engessamento das características comunicacionais destas tecnologias à lógica hierarquizada e verticalizada de sala de aula.


Portanto, um dos caminhos vencer o desafio da inclusão é, ampliar e qualificar o acesso. É fundamental que nossas escolas tenham acesso de banda larga nas escolas e que possam, a partir disto passar de expectadores e produtores, de leitores a escritores, de indivíduos a coletividades.


- Como inserir a educamunicação no contexto escolar/ no currículo? Dê exemplos práticos pro favor.
Uma das premissas básicas da inclusão digital é que não existem receitas prontas. Existe um conceito chamado de apropriação social das tecnologias que aponta para a necessidade de que cada indivíduo ou grupo de indivíduos se aproprie destas tecnologias a partir de suas próprias demandas, urgências, anseios e características.


Entretanto, me parece que o caminho mais curto para processos educomunicacionais seja dar mais espaço para que os estudantes proponham soluções, que possam utilizar mais livremente o domínio tecnológico que possuem para construir e representar seus conhecimentos e que emprestem aos processos edcacionais a criatividade que lhes é natural.


- Poderia me sugerir algumas escolas que implantaram a educomunicação e que vem dando bons resultados? Preciso do e-mail e telefone do coordenador responsável pela educomunicação)


Certamente existem várias escolas e iniciativas que buscam criar processos educactivos criativos e nas quais as tecnologias são utilizadas de forma à fomentar processos comunicacionais.


Na própria Prefeitura Municipal de Passo Fundo são realizados projetos que tem tons de educomunicação. Sugiro o contato com a professora X, responsável pela Inclusão Digital em nosso município.

Comentários

  1. lupicoli11@gmail.com1 de junho de 2012 às 19:31

    Com o uso das tecnologias no cotidiano escolar, nos defrontamos com novas possibilidades,desafios e incertezas no processo ensino-aprendizagem. Diante disso é q temos que repensar nossa prática pedagógica e nosso papel como educador, pois a medida que as tecnologias ganham espaço nas escolas torna-se necessário que o professor desenvolva novas habilidades, sendo capaz de analisar os meios à sua disposição e fazer suas escolhas, tendo como referencial algo mais q o senso comum. O professor deve pesquisar, conhecer o que as novas tecnologias têm a oferecer a fim de tornar suas aulas mais atrativas, criando condições de aprendizagem por meio desses recursos.Isto significa q ele deve deixar de ser um simples repassador dos conhecimentos e passar a ser o criador de ambientes de aprendizagem, facilitando o processo de desenvolvimento intelectual de seus alunos. O que a meu ver torna-se um grande desafio e uma grande oportunidade pois, somos desafiados a aprender e dominar essas novas formas de comunicação e utilizá-las como instrumento interativo de conhecimentos e aprendizagens no espaço escolar.

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