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Sobre educação!

Professor, conforme combinamos estou enviando algumas dúvidas que tenho sobre o uso de tecnologias na educação. Obrigado pela participação. Aguardo retorno o quanto antes.

1. Como as novas ferramentas e tecnologias contribuem para o ensino em sala de aula? 
 Me parece que as tecnologias digitais de rede, como podemos classificar os ambientes colaborativos e de compartilhamento disponíveis na web possuem um grande potencial de suportar processos significativos de aprendizagem uma vez que possuem características que são essenciais para a construção do conhecimento. Dentre tais características aponto a conexão que instituem entre as pessoas e o poder de disponibilização e construção conjunta de conteúdo nos mais diversos formatos.

2. Podemos dizer que o ensino através da tecnologia é ainda limitado no país? 
 Me parece que temos duas limitações reais para que de fato as tecnologias sejam exploradas enquanto ambientes de aprendizagem dinâmicos, significativos e legítimos: A primeira diz respeito ao acesso a tais aparatos tecnológicos em uma concepção ampla que envolve desde hardware, passando por software e culminando com netware. Em outras palavras, é preciso ter acesso a computadores, tablets, smartphones com softwares que sejam livres e eficazes em suas aplicações, mas, ter acesso irrestrito e de qualidade à rede mundial de computadores é primordial neste momento histórico. A segunda imitação diz respeito à forma como os ambientes de ensino e seus agentes compreendem a tecnologia, ainda em uma lógica analógico e reprodutiva do falar ditar do professor. É fundamental que se compreendam e apropriem estas tecnologias como espaços de comunicação, de partilha e de cooperação, três características básicas do ato de apender. 

3. Quais os principais desafios na introdução dessa maneira de ensino no Brasil? 
 Na verdade as tecnologias não são uma maneira de ensino, nem tampouco, transformam qualquer prática, Elas podem ser utilizadas tanto para reproduzir uma lógica verticalizada de ensino, quanto para suportar aquilo que em essência significa aprender: compartilhar experiências; ser protagonista do processo; construir e testar hipóteses; etc. Assim, a chave da transformação não está na tecnologia, mas na concepção de educação! 

4. Existe uma idade ideal para começar a introdução de tablets ou softwares no ensino? 
Cada momento histórico possui tecnologias que são as responsáveis pelas grades transformações em curso. As tecnologias de conexão e mobilidade, onde se enquadram os tablets, são ferramentas de acesso á rede mundial de computadores. Os softwares necessários a estes dispositivos, aos computadores, aos smartphones, aos notebooks, ultrabooks e netbooks são necessários para utiliza-los, assim, não é uma alternativa utiliza-los ou não. Privar nossas crianças da utilização destes dispositivos e recursos pode ter desdobramentos negativos em suas vidas futuramente; liberar o uso irrestrito e sem acompanhamento também. Assim, partindo do princípio de que não precisamos mais saber ler para utilizarmos estas tecnologias e aliando-me ao sócio interacionista Vygostsky, não acredito que exista idade ideal para iniciar a utilização destes recursos, mas sim, momentos em que, com o acompanhamento de alguém mais experiente (não em tecnologia, mas em vivência de mundo), será inevitável este contato. 

5. A introdução dessas tecnologias na educação, como por exemplo,Passo Fundo, não desperta nos professores uma sensação de impotência, por muitas vezes conhecer menos sobre as tecnologias do que os próprios alunos? 
Passo Fundo é uma das cidades que tem demonstrado muita proatividade com relação aos usos da tecnologia. Entretanto, não acredito que se trate de impotência, mas sim de receio. Natural quando nos colocamos a frete de situações desconhecidas. De qualquer forma, a solução para esta situação paradoxalmente pode estar no abandono do papel de professor, milenarmente instituído, para assumir uma postura de parceiro de aprendizagem, onde em alguns momentos está ensinando dobre geografia, por exemplo, em outros está aprendendo sobre tecnologia! É importante invocar uma das frases mais conhecidas de Paulo Freire: "Ninguém educa ninguém, ninguém se educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo" 

6. O currículo escolar deverá ser pensado de uma maneira diferente, própria às novas linguagens que a tecnologia oferece? 
Na minha opinião pessoal, o currículo escolar e as grades curriculares dos cursos superiores deveriam ser repensados independentemente das novas linguagens pelo simples fato de que não são capazes de formar os indivíduos para um mundo de abundância de informações e onde é impossível antever o que cada um precisará para dele fazer parte, Ou seja, não é mais necessário ir à Escola ou à Universidade para receber informações (o que histórica e sistematicamente temos feito) pois as informações estão disponíveis na internet; na mesma linha, é um ato insano pensar-se capaz de definir os conhecimentos que cada um precisará em sua vida (o que tentamos pateticamente fazer em nossas grades curriculares). Estes dois argumentos já são suficientes para repensar a Escola e a Universidade, podemos deixar a tecnologia fora desta. ;-) 

 7. O papel do professor vai mudar a partir da implantação da tecnologia na educação? 
Penso que o papel do professor vai finalmente poder ser assumido com o advento das tecnologias nos ambientes de formação. Papel este que nunca foi (embora seja exercido comumente) o de repassar informações, mas sim o de aprender junto; o de auxiliar na realização das perguntas certas; o de auxiliar no desenvolvimento de habilidades e competências que de fato sirvam para o cidadão e a cidadã de uma era de compartilhamento, abundância e conexão!

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