Coluna de Outubro/2016
DM na Sala de Aula
QUAIS AS CONTRIBUIÇÕES DA INFORMÁTICA PARA A EDUCAÇÃO?
Adriano Canabarro Teixeira
Professor do PPGEdu - UPF
Para ser bem direto: Nenhuma! Afinal a tecnologia por si só não possui valor algum quando desprovida da manipulação humana! Seu valor está exatamente nesta simbiose potencial entre nós e os aparatos tecnológicos! De qualquer forma, contrariamente à minha primeira afirmação neste texto, o mundo é definido pelas tecnologias. Vou repetir: o mundo é definido pelas tecnologias! Todas as grandes evoluções e revoluções da humanidade ocorreram a partir de tecnologias.
Alvin Toffler apresenta esta relação de forma clara e precisa em seu livro “A Terceira Onda”. Ele apresenta três grande revoluções pelas quais a humanidade passou e que tiveram seu suporte nas tecnologias do momento histórico. A primeira foi quando o homem, cansado de ser nômade, decidiu fixar-se em uma determinada região, gênese do que atualmente chamamos de “cidades”. Entretanto, para que pudesse sobreviver, as tecnologias que permitiram cultivar a terra e criar animais foram determinantes! E esta foi a primeira grande revolução pela qual passamos!
Em determinado momento, precisávamos transformar matéria prima em produtos e a revolução industrial, com suas diferentes facetas, transformou radicalmente a vida das pessoas, impulsionou o desenvolvimento e transformou processos que antes eram realizados por seres humanos. Músculos foram substituídos por engrenagens, válvulas e correias. Por fim, a terceira grande revolução apontada por Toffler foi aquela impulsionada pelos dispositivos digitais onde processos cognitivos básicos começavam a ser realizados por computadores. Mais um abalo radical no modo como o mundo se organizava. Mas este livro foi escrito em 1980 e é inevitável perguntar: Qual seria a 4ª Onda, 36 anos depois?
Em 2016 temos um mundo absolutamente transformado pelas tecnologias digitais - agora eu sugiro que abra o Google, você vai querer saber mais sobre o que vou te apresentar. O avanço da Inteligência Artificial representada pelo supercomputador Watson da IBM; O avanço da Internet das Coisas que conectará tudo à rede mundial de computadores; A pesquisa da Universidade do Sul da Califórnia - publicada na revista Science, a mais importante revista científica do mundo - que aponta que 97% da informação do mundo está digitalizada e, destas, 80% estão na internet; A impressora 3D alemã que imprime casas em 24 horas; A unidade MacDonalds totalmente robotizada inaugurada na cidade de Phoenix, Estados Unidos, em 2015; por fim - agora vou pegar pesado - o robô cirurgião chamado DaVinci, já em funcionamento em três hospitais brasileiros. Vou ser direto agora: Na próxima década veremos muitas atividades serem substituídas por tecnologia! Quais? Todas aquelas que possuírem algum nível de repetição e previsibilidade! Pergunta nova: Em que medida nossas Escolas e Universidades preparam para este mundo? Abstenho-me de responder - por enquanto ao menos!
Pronto, feita esta introdução que balizará todas as minhas contribuições com o caderno DM em Sala de Aula, quero reformular a resposta dada inicialmente: Algumas apropriações da informática podem nos ensinar a pensar! Sim, assim como outras práticas e áreas de estudo. Entretanto, se os computadores são tão determinantes no mundo em que vivemos, qual o motivo para não explorarmos o potencial destes dispositivos na formação de indivíduos que são capazes de resolver problemas de forma criativa, de pensar de forma estratégica e procedimental? Sim, algumas pessoas já entenderam que estou falando da programação de computadores.
Uma discussão iniciada por Seymour Papert em 1993 quando publicou o livro “A Máquina das Crianças” - leitura que recomendo a todos aqueles que se ocupam da educação. Nos últimos anos, a importância da programação de computadores na educação básica ressurgiu com força nos Estados Unidos da América e em alguns países da Europa. No Brasil, as iniciativas que exploram esta faceta da informática são recentes e em menor número. Uma das principais experiências de que se tem acesso - sem dúvida a de maior envergadura em território nacional - foi realizada em Passo Fundo nos anos de 2014 e 2015. Denominada Escola de Hackers, ensinou programação de computadores para mais de 500 jovens e adolescentes a um custo simbólico. Será a programação a nova fronteira que voltaremos a explorar no que se refere à informática educativa? Acredito firmemente que sim! Bem, sobre isto me ocuparei nas próximas oportunidades. Por agora, resgato a importância de que o poder público, em parceria com as Instituições de Ensino Superior de Passo Fundo, reconheça seu papel fundamental no fomento a iniciativas como a Escola de Hackers e reafirme seu perfil de vanguarda também na formação de jovens para o século XXI!
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